sábado, 12 de dezembro de 2009

Quem me dera que fosse eu a escrevê-lo...



O que te peço, Senhor, é a graça de ser.



Não te peço mapas, peço-te caminhos.


O gosto dos caminhos recomeçados,


com as suas surpresas, as suas mudanças, a sua beleza.


Não te peço coisas para segurar,


mas que as minhas mãos vazias


se entusiasmem na construção da vida.


Não te peço que pares o tempo na minha imagem predilecta,


mas que ensines os meus olhos a encarar cada tempo


como uma nova oportunidade.


Afasta de mim as palavras


Que servem apenas para evocar cansaços, desânimos, distâncias.


Que eu não pense saber já tudo acerca de mim e dos outros.


Mesmo quando eu não posso, ou quando não tenho,


sei que posso ser, ser simplesmente.


É isso que te peço Senhor:


a graça de ser de novo.






José Tolentino Mendonça

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